Recebi dois jornais da Bolívia, El Periodico e Los Tiempos, de novembro passado, que tratam do Tren Bioceanico Central ou TBC. Esse traçado ligaria Santos, passando pela Bolívia, até o porto de Ilo no Peru. É diferente do traçado da ferrovia bioceanica que não passaria pela Bolívia e sim em parte da Amazônia brasileira.
Evo Morales, presidente do Bolívia, diz que o TBC está “totalmente confirmando”. Apareceu agora também a fala de que a Alemanha, além dos chineses, teria interesse em participar dessa ferrovia.
Mostram autoridades da Bolívia que o traçado entre Santos e Ilo teria 3.750 quilômetros e custaria de sete a dez bilhões de dólares. O outro traçado, aquele que deixa a Bolívia de fora e vai pela Amazônia, seria de 4.800 quilômetros e custaria algo como 20 bilhões de dólares.
Se forem números corretos a vantagem seria pelo país vizinho. Além de não se ter o problema ambiental em passar pela região amazônica, fato que pode ser explorado por quem no exterior não quer a ferrovia no coração da América do Sul.
As matérias dos jornais mostram ainda um encontro, com foto e tudo, entre Evo Morales e o novo presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, em que assinaram o chamado Acordo de Sucre.
O Acordo seria para viabilizar o porto peruano de Ilo para entrada de bens importados pela Bolívia. Hoje isso vem pelo porto de Arica no Chile. Mostram as matérias que a Bolívia importa cerca de três bilhões de dólares ou 2.5 milhões de toneladas por aquele porto. Nesse encontro, claro, também se falou no trem bioceanico que passaria pala Bolívia e o Peru concorda.
Há diferença histórica entre Chile, Peru, Bolívia. Estes dois países juntos perderam a Guerra do Pacifico no século 19 para os chilenos, foi onde a Bolívia perdeu a saída para o mar.
Agora as dúvidas. O trem bioceanico dos chineses teria participação também da Alemanha? Essa mexida diplomática da Bolívia junto ao Peru seria para se afastar do porto de Arica por onde importa quase tudo? O Peru estaria fazendo esse jogo porque interessa ser o lugar por onde entrariam os bens para a Bolívia? Nesse angu meteram o trem passando pela Bolívia ao invés do traçado anterior do trem dos chineses em que a Bolívia ficava de fora?
A coluna volta a defender um grande encontro em Mato Grosso para se discutir as diferentes alternativas de ferrovias para o estado. Se fala no trem dos chineses que passaria por Lucas e sairia no Pacifico. Também o trem das tradings (Bunge, Ammagi, Cargill, Dreyfus e ADM) entre Sinop e Miritituba. A agora aparece não uma nova ferrovia, mas um traçado totalmente diferente do falado antes para a saída do Brasil e MT pelo Pacifico.
Onde está a verdade disso tudo? Por que não um grande encontro, com autoridades de diferentes países e ainda especialistas em números, distâncias e custos, para discutir e destrinchar as verdades e mentiras sobre essas alternativas?
Fonte: Alfredo da Mota Menezes e-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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